quinta-feira, março 17, 2011

Respeitosamente...

Poucas coisas são tão difíceis essencialmente do que respeitar os outros. Não falo do respeito social, mínimo para a sobrevivência e/ou harmonia nas relações. Este é raro também – convenhamos -, mas nem tanto. Mas sobre aquele respeito profundo sobre os outros, tenho cá minhas reservas... Porque o respeito é fruto da aceitação e da admiração. Acredito que ele precisa dessas raízes. Então, noto que nem sempre as duas estão presentes na nossa conexão com as pessoas. Ora aceitamos a quem amamos, mesmo sem admirar suas práticas e opiniões, ora admiramos e temos em alta conta pessoas com as quais não temos vínculo, não podemos aceitar... Admiramos seus frutos, o resultado de seu trabalho, talento, produção intelectual, carisma etc. Eu acho isso super natural mas, de repente, estranho.

Pensando alto por aqui, não faço juízo de valor sobre isso. Nem posso. Apenas estranho esse fenômeno: o amor se sobrepõe a coisas ideais. O amor cobre multidões de pecados (I Pe 4.8), como diz a Escritura e, eu diria, em paráfrase: cobre uma multidão de falhas, de incompetências e desvios. Cobre as idealizações, o senso comum, as categorias adequadas. O amor é o encontro sempre reincidente de pessoas que não sabem explicar suas afinidades. É aquela centelha que nunca se apaga na distância, na ausência, na falta de contato. É a lembrança eterna de alguém que não se deveria respeitar tanto, às vezes. É a aceitação que evolui, vira respeito, decisão por admirar o que está e é fora de parâmetro. Quem ama, respeita mesmo sem perceber. Quem não respeita o outro, nunca amou. Apenas se conformou em suportar o que não se pode mudar e/ou só aprendeu a ter um ícone distante, uma troca de experiências que não traz vida pra nenhuma das partes.

Quero aprender verdadeiramente a respeitar as pessoas a quem amo. Os meus amigos contraditórios, meus familiares confusos e meus irmãos fracos. Preciso me tornar uma pessoa confiável além da palavra, da aparência, do “esperado”...é realmente um anseio de vida hoje, uma oração sincera. Desejo ser alguém que respeita profundamente as dores, as incapacidades e até as opiniões diferentes sem ser cínica, leviana ou mesquinha. Desejo que saibam que o meu respeito tem limites tanto quanto o meu amor, mas sempre será o requisito mínimo para eu entrar em um relacionamento de amor, amizade, comunhão, parceria e ajuda a quem quer que seja.

Jesus Cristo me respeita além da aceitação. Ele conta com minhas maneiras tortas e loucas de ajudá-lo no reino. Ele me ama respeitosamente, sem me denegrir, sem desprezos e distâncias seguras. Se eu sei como isso funciona? Não...mas sei que é verdade. Não sei explicar...talvez seja porque ele me vê exatamente como sou de verdade (I Co 13.12). Exatamente como ainda não consigo me ver. E, vai saber...Ele gosta do que vê!

Um comentário:

Letícia disse...

Onde é que eu assino? PERFEITO!