quarta-feira, janeiro 31, 2007

Quem poderia ser?

Quem poderia estar me ligando àquela hora?
Eram 05:15 da manhã de ontem quando meu celular tocou. Eu já estava acordada, enrolando pra me arrumar pra ir pro trabalho, quando fui atender – era meu pai. Pra variar, era ele me acordando. Claro, ele sempre faz isso...a diferença é que dessa vez ele me ligou lá de Ponta Negra, queria saber se eu já tinha acordado “pro serviço”. Disse que tava esperando meu irmão se arrumar p/ irem pra praia...todo, todo animadinho...
Fiquei surpresa com aquele gesto do meu pai. Não pelo zelo, pois faz jus ao caráter dele – sempre cuidadoso e preocupado (às vezes até chato no exagero...rsrs), mas fiquei surpresa com o seu comprometimento em me acordar. Caramba, ele tá longe de casa, curtindo suas férias (ele é aposentado, mas merece passear, né...vá lá!rsrss) , sem compromissos com relógios, contas, mercados, trabalhos domésticos, cachorros, casa...mas se lembrou de me acordar pra eu não perder a hora.
Fiquei constrangida porque uma das coisas que eu mais detesto é ser acordada e sempre resmungo quando ele vai me acordar pessoalmente todas as manhãs...e ele sempre faz com muito carinho. Quando cheguei no trabalho, alguns minutos depois, outra ligação no 0800. Quem poderia ser? Ele de novo...rsrs...dessa vez, só pra me dizer que estava com meu irmão na praia, assistindo o sol nascer! Disse que lá é muito bom, que eu deveria ter ido, que iria gostar...não entendi nada!!! Fiquei com cara de paspalha, querendo entender tudo aquilo. Aí é inevitável lembrar das muitas, muitas e muitas discussões, brigas e momentos ruins que tivemos em minha adolescência. Quantas vezes fui dormir chorando, quantas vezes chorei acordada por estar brigada com ele. Quantas vezes me senti envergonhada por não conseguir dar um bom testemunho para uma pessoa a quem tanto amo e por quem sempre orei, clamei, chorei em Deus. Em todas as vezes Deus estava ali, olhando minha dor, minha revolta, minha ira, mágoa...todas as vezes Ele foi a única testemunha do meu ajoelhar, do meu clamor aos soluços. Eu creio que meu pai está sendo mudado por Deus. Eu creio que ainda há mais pra eu ver.

“Os que semeiam em lágrimas, com cânticos de júbilo segarão.Aquele que sai chorando, levando a semente para semear, voltará com cânticos de júbilo, trazendo consigo os seus molhos.” Sl 126. 25, 26

Na hora, me lembrei também da minha mãe, que estava dormindo comigo e que passou o dia anterior todo me tratando “a pão-de-ló” só porque eu fui acometida de uma insuportável dor de cabeça (o bendito “dente do juízo” de novo), que me fez ficar de molho. Até me senti incomodada com tanto “mimo”, mas nem fui boba de reclamar, né? Rsrsrs . Depois gastamos horas conversando, ouvindo música e falando das coisas de Deus...o legal é ver a palavra dEle se cumprindo nos detalhes. Eu sei de uma coisa: se eu sou detalhista, o meu Pai dos céus é mais ainda. Porque eu posso desperceber muitas “coisinhas”, mas Ele não...nunca, nunca mesmo. E Ele se comprometeu comigo quando eu lhe fiz o pedido. Quando eu lhe pedi pra ser Senhor “dos meus detalhes”. Vejo bem que Ele me liga de vez em quando, Ele me acorda todas as manhãs e me mostra a beleza que é estar perto dEle – “Você devia estar aqui, fofinha!”, Ele cuida de mim, proporciona o meu conforto, me alimenta e conversa comigo. Ele é um Deus comprometido. Como disse meu amigo outro dia: Ele está comigo porque eu sou dEle. E isso, até nos lugares mais improváveis...mas esse é um outro assunto...

"Pode uma mulher esquecer-se de seu filho de peito, de maneira que não se compadeça do filho do seu ventre? Mas ainda que esta se esquecesse, eu, todavia, não me esquecerei de ti. Eis que nas palmas das minhas mãos eu te gravei; os teus muros estão continuamente diante de mim."
Is 49.15, 16

...estava aqui digitando esse texto, alguém me liga...quem poderia ser?
Claro... meu pai!

sexta-feira, janeiro 26, 2007

Sonhos bons e ruins.

Ontem tive um pesadelo, coisa que não tinha havia algum tempo. Um pouco antes de dormir, estava em meu costumeiro “desfalecimento no sofá” quando comecei a me retorcer e balbuciar meu sofrimento naquele momento. Acordei sendo questionada pelo meu irmão, que estava me observando, a respeito do que estava acontecendo na minha cabeça pra eu estar me rebatendo no sofá. Narrei o pesadelo pra ele, ainda cheia de pavor, um “nervoso”, passando a mão pela cabeça. Ele ouviu, achou estranho (sem pé nem cabeça como todo pesadelo) e me disse: “daqui a alguns minutos você vai achar ridículo esse pesadelo”. Pura verdade.

Meu irmão estava certo; um tempo depois já estava achando aquele pesadelo uma grande piada. “Sem pé nem cabeça” mesmo, algo que eu nem precisava entender. E mais: depois de um tempo, nem dava mais pra encarar aquilo como um pesadelo, mas apenas como um sonho ruim.

O que eu pude perceber nessa pequena experiência é que apenas sonhos significativos permanecem em nossa lembrança. Eu diria mesmo que até o presente momento apenas um sonho ficou arquivado comigo, e eu o carrego para todos os meus momentos e experiências. E não estou sendo poética, pois estou falando de sonho de sono mesmo, desses que a gente tem quando está dormindo. Não estou me referindo a um “sonho-desejo-projeto”, mas de um sonho que tive em meu quarto, dormindo de madrugada, como de costume. O que faz dele uma marcante bagagem pra minha vida é o fato de ele me ter sido dado por Deus. Eu não tenho dúvida de que foi um sonho espiritual, que na época me disse muitas coisas e o faz até hoje. Algumas perguntas e muitas respostas. Foi um sonho muito bom.

É aí que eu entendo que quando algo nos é dado por Deus, é impossível que não o carreguemos conosco em nossa vida. Entendo que nas mais diversas situações o sonho se mantém real, significativo e coerente. Já não é essa a realidade dos pesadelos sem nexo. Podemos até lembrar de alguns, mas se tornam afastados da nossa realidade e perdem o sentido, não nos dando mais medo algum. Estamos livres de entendê-los, discerni-los porque na verdade o “sentido” do pesadelo é geralmente dar um sinal de alerta. Não encontramos enredo e achamos graça um tempo depois de termos sido tão impressionados por algo tão volátil. Mas os sonhos que Deus nos dá são guardados em nossa memória durante toda a nossa vida. E os vivemos mesmo quando a nossa realidade é desconexa.