domingo, maio 27, 2012

Sobre essa coisa de ter opinião.



Aiai...canseira, viu. Lidar com gente nunca foi fácil; ser gente então, pelo que vejo nos últimos tempos, tem sido tarefa árdua pra muitos. Dá no saco falar sobre isso, mas como também tenho opinião e esse é o meu espaço, farei isso...rs.
      Com esse boom da internet muitas coisas que pra mim já eram evidentes ficam bem mais escrachadas, fáceis de comprovar. Essa carência das criaturas vaidosas por algo que vai além da atenção (vamos combinar, atenção não é a carência maior das pessoas...nada disso, atenção não é difícil de conseguir...o que a maioria quer mesmo é ser popular, famoso e endeusado um dia ou todos os dias e momentos da vida). É só ligar o computador e ir para qualquer site, que está lá: eu exibo o que penso e, mais que isso, eu “procuro pensar” em algo para exibir, de fato...e alguns, ainda mais preguiçosos, simplesmente procuram algo para copiar ou gerar um comentário a fim de exibir algum tipo de postura, de pensamento, de opinião...como nós precisamos opinar, meu DEUS!!! É o oxigênio dos dias atuais. Nós temos a necessidade de que as pessoas saibam o que pensamos sobre tudo, mas que inferno!! Mas o pior é que não pára por aí...eu preciso que a minha opinião seja compartilhada com o mundo e o mundo corresponda com o que eu penso porque simplesmente não posso deixá-la no foro íntimo das minhas amizades e das pessoas com as quais convivo, como privilégio exclusivo de quem me conhece e/ou é importante pra mim de alguma forma. Queremos transpor a intimidade da opinião, a individualidade do que nos tem valor, queremos expor sempre o que pensamos a respeito de tudo e esquecemos que isso é a escravidão da auto-justificação ou da ofensa gratuita. Exatamente, ou achamos mesmo que qualquer opinião emitida sobre qualquer assunto não repercutirá em respostas contrárias, protestos e desafios sobre comprovações a respeito do que afirmamos como verdadeiro? Mas que burrice! Será que é tão difícil perceber que ao mesmo tempo em que seremos aprovados, incentivados, elogiados a respeito do nosso posicionamento estaremos também sendo confrontados, argüidos, ridicularizados por quem pensa diferente? Por favor, gente...não existe imparcialidade, paremos de brincar de crianças civilizadas. Não somos assim e pronto (odeio generalizar, mas nesse caso é inevitável). Não somos mesmo; somos parciais, passionais, emocionais e animais...rs...sempre, a respeito de tudo.
     Sinceramente, tenho certo desprezo por quem quer convencer às pessoas de que tem uma opinião própria, não-afetada por nada nem ninguém, como se fosse a mente mais original e auto-suficiente do universo, que aprendeu a pensar sozinha. Mas que conversa fiada...ninguém aprende a pensar sozinho, ninguém mesmo se constrói sozinho, por mais que sua personalidade seja forte. Vou ficando velha, vou aprendendo com o tempo a enxergar isso com honestidade. Tenho a personalidade forte e nunca fui Maria-vai-com-as-outras mesmo...nem quando eu era criança; sempre me apeguei à minha consciência com a fidelidade de um cão, simplesmente porque essa é a minha natureza. A Joseli nunca foi uma pessoa levada a se posicionar a respeito do que não acreditava, nunca também – graças a DEUS – precisou passar por isso (não cresci num regime ditatorial, não fui oprimida e forçada a nada, a não ser trabalhar, estudar...essas coisas de gente normal), mas não sou ingênua de pensar que minha opinião não é afetada, que não sou influenciável. Bobeira isso, gente...sou sim, e muito. Sou influenciável naquilo que quero, que desejo ser, é assim que funciona. Eu me permito influenciar ou não, eu escolho, eu realmente aprendi a pensar. E aprendo a cada dia, ouvindo as pessoas, vendo a vida e me orientando pelo que me toca no coração, na mente, na alma verdadeiramente. Eu não me orgulho de todas as inclinações que tenho, de todo o conteúdo do meu caráter ou temperamento, mas da maior parte deles...quero mudar também, preciso disso enquanto viver aqui nessa doidera de mundo, não tenho pretensões de virar um fóssil ou uma única versão nesta vida. Apenas na eternidade mesmo, na vida que mais quero, é que conseguirei ser a melhor que posso, já livre de toda mágoa, mesquinhez e limitações...mas aqui, aqui não...aqui tenho que mudar pra me adequar, porque aqui é estranho pra mim verdadeiramente. Sempre será assim até eu me encontrar com meu lugar original, no meu lar original, na minha natureza original...eu realmente penso e sinto isso com a potência de um vulcão dentro de mim e ponto. Nunca tive e nunca terei medo de assumir isso, embora saiba que não serei compreendida ou respeitada por todos por pensar e sentir assim.
       Mas voltando...rs...confesso meu desprezo e “pena” (muito rasa essa pena mesmo porque pena mesmo eu sinto de quem precisa), dessa gente que confunde conceito com preconceito, por exemplo. Vá comer capim, não sou obrigada, viu...rs...hoje em dia você não pode ser contra nada, que você é preconceituoso...o interessante é que as mesmas criaturas que levantam as mil bandeiras contra o “preconceito” são aquelas que despejam todo seu “preconceito” na cara de quem não concorda com elas. Eu vejo isso com um sentimento que nem sei definir, sabe...me dá um mega desânimo de ter que lidar com esse tipo de postura idiota, infantil e desequilibrada. Não dá pra argumentar com quem acha mesmo que eu sou contra as cotas raciais, por exemplo, porque sou branca e etc...pelo amor de DEUS, vai pensar fora do Twitter, gente! E por aí vai...se for assim, eu teria preconceito com o mundo, porque tenho uma OPINIÃO FORMADA a respeito de diversos temas, como: machismo, feminismo, cotas raciais, criação-de-crianças-deformadas-por-psicólogos-irresponsáveis, homossexualidade, meio-ambiente, família, religiões diversas, relativismos, legalismos, puxa-saquismos, auto-afirmação de gente vazia etc etc etc...caramba, eu sou um Monstro do Lago Ness! Tenho opinião, cabeça formada sobre esses temas, e isso deve amadurecer a cada dia porque é o que eu busco, o que não significa dizer que esses meus conceitos necessariamente irão mudar. E pronto, e é isso. E todos somos assim, ou deveríamos ser, é o que eu penso. Deveríamos ser mais comedidos no que se refere ao respeito aos outros e, especialmente, a si mesmo. Não deveríamos criticar tudo que podemos, deveríamos pensar se vale a pena. Assim como não deveríamos no calar em momentos em que a nossa opinião ou postura valeria de algo produtivo, útil e legítimo. Sempre achei isso, a gente deveria ser mais respeitoso, no fim das contas e ser respeitoso não é ser inconsistente, “vaselina” ou superficial. Pelo menos não deveria ser assim.
        Então, se a minha forma de pensar te ofende, entenda que minha forma de viver não foi projetada para isso. Creio em DEUS e o amo acima de tudo e isso implica, sim, em ter uma vida que abençoe as pessoas acima de qualquer diferença. Creio em Jesus Cristo e me espelho em seu caráter e isso implica, sim, em acolher as pessoas em suas fraquezas porque ele me acolheu e sempre o faz quando eu preciso. E também creio no Espírito Santo e isso me constrange, sim, em ser uma pessoa mutável, renovável, submetida pelo senhorio gentil, dignificante e enobrecedor de um DEUS que não faz média comigo nem com ninguém, que não se auto-justifica ou careça de defensores para ajuizar seus propósitos. Creio que faço parte desses propósitos e todos deveriam fazer e, por isso, minha fé e minha consciência me levarão sempre a ter uma vida respeitosa e nada relativa diante de temas que exijam uma postura de minha parte. 





segunda-feira, maio 14, 2012

Vem me confortar


Vem me confortar
e alinhar meu coração
que precisa de santidade

Jesus, me ajuda a preencher
cada espaço com teu ser
tu és tão maior que eu

Vem corrigir minha oração,
vem dominar minha emoção
porque sou totalmente teu
Minha independência se desfaz
em tua grandeza posso mais
Nas tuas mãos há bom caminho

Tu és o príncipe da paz,
Tens o amor que satisfaz
E eu estou tão exposto ao teu olhar, Senhor
Se é arriscado aqui viver,
Eu sempre vejo o teu poder
Quando estou confiado em tua palavra...

(E a tua paz que excede todo entendimento
Guardará meus pensamentos,
Guardará meus sentimentos...
...em Ti!)



(cântico escrito em 18/02/2011)

sábado, maio 05, 2012

Sobre filhos ruins, seus direitos e liberdades.



Depois de algum tempo, volto a escrever. Especialmente por ser esta a melhor forma de expressar meus pensamentos e opiniões. E retomo a percepção de algumas falas que tenho ouvido ultimamente.
Acho intrigante perceber alguns amigos criticando a famosa parábola do Filho Pródigo (Lucas 15.11-32). Sim, aquela exaustivamente pregada, estudada e interpretada. Portanto, não é a minha pretensão trazer algo inédito a seu respeito, apenas considerar que, de fato, os anos e as gerações passam, as experiências são as mais plurais possíveis, mas as pessoas não aprendem. Não só a respeito da ilustração da parábola, não aprendem sobre a vida e as oportunidades de crescer em seu relacionamento com DEUS. De repente, é fácil e prático “tirar da bíblia” aquilo nos incomoda na alma, e nos escancara o quão simples e claro é o princípio da graça de Deus, mediada por Jesus e expressa nessa estória.


A graça oferecida pelo pai que, pacientemente, permite a auto-suficiência de um filho que sempre foi cercado de seus cuidados – e continuará dependente de seus recursos e provisão –  e, em respeito à sua liberdade, o deixa ir...ao mesmo tempo que permite seu outro filho viver do benefício do acolhimento do lar, não apenas para servir mas também para se relacionar com ele. A graça do pai, que espera e acolhe de volta o filho que se foi, mas que também sustenta o que permanece. O problema é que filhos querem sempre seus direitos, querem sempre algo além de estar com o pai. Os filhos de hoje e de sempre se acostumaram a estabelecer sua filiação através de direitos e deveres e projetam no DEUS-Pai essa percepção desajustada. Somos filhos ruins, todos nós, os pródigos e os mais-velhos-cheios-de-justiça-própria. Queremos sempre colocar o pai contra a parede e exigir nossos direitos, antes ou depois. Vivemos esse relacionamento doentio com DEUS, quando não percebemos sua graça, seu favor que não merecemos, sua generosidade em nos dar o que precisamos e em nunca nos negar isso...mas exigimos que ele nos dê o que queremos, pois somos filhos e temos direitos!
A verdade é que, se não “matamos” o Pai antes da hora e vamos curtir a vida adoidado com o que temos à mão agora, muitas vezes vivemos cinicamente almejando por receber nosso fundo de garantia espiritual, mediante o nosso “bom serviço” em sua casa. Sim, porque sabemos argumentar muito bem a respeito do que temos feito pra DEUS e da recompensa que nunca recebemos dele, como desabafou o filho mais velho, o incapaz e insensível que se ressente da reconciliação de seu irmão mais moço que volta acabado, arrasado, mas volta pra casa. Penso seriamente nisso: onde colocamos o nosso coração e a nossa auto-imagem ao nos mostrarmos ressentidos com o perdão que Deus oferece ao nosso irmão?! Que lógica maligna atormentava a vida daquele filho que não foi embora, mas sempre quis ter ido – sim, porque quem fica conscientemente de que aquele é o seu lugar ideal, jamais se ressente de receber o outro de volta, tampouco das “alegrias desfrutadas” pelo outro no tempo que esteve fora de casa - ?! Não há inveja do mundo, quando se desfruta da alegria de viver com DEUS, como filho. Mas quem não aprende a viver como filho, se conformará e sempre se ressentirá por viver como um serviçal qualquer. O pai, todavia, respeitará nossa escolha.





Acho mais interessante ainda é que, via de regra, as pessoas que menosprezam esse texto dificilmente se enxergam como o pródigo ingrato, nunca vêem em si mesmas o caráter de um filho que dá as costas pro pai sem remorso e faz o que dá na telha...pelo contrário, parecem tomar as dores do “filho justo” que precisa chamar a atenção do pai, invocando direitos e méritos próprios. Não se atentam para o fato de que o pai repartiu a fazenda entre eles e podiam fazer escolhas, e ambos os filhos escolheram mal. Porque eu posso abrir mão de ser filho indo embora, bem como posso abrir mão de ser filho ficando como um empregado qualquer. Nenhum pai, no céu ou na terra, é capaz de forçar o amor de um filho que não deseja a proximidade.


Como Henri Nouwen fantasticamente escreveu, todos somos pródigos, desperdiçadores da graça de DEUS. Todos, também, carregamos a ingratidão de um filho que não teve coragem de ir, mas se tornou ainda mais insensível com a vida que o próprio irmão que comeu as bolotas de porco! O surpreendente é que eu sei em mim – e ninguém me rouba essa consciência – de que sou pródiga todos os dias da minha vida e sou inclinada a me auto-justificar pelas minhas boas ações, se deliberadamente não me entregar ao amor do Pai que sempre me espera e sempre me suporta...mais ainda, do Pai que sempre e independentemente de quem eu sou, me ama. Sou pródiga quando alcanço uma relativa e cega autonomia que me leva à perda de minha identidade, à lama, ao desvalor próprio e à distorção de minha imagem de filha de DEUS; sou uma infeliz, se já não consigo me alegrar com a alegria do meu Pai, com o fim de sua dor e tristeza, ao ver retorno do meu irmão à casa de DEUS. Mas sempre guardarei essa lindíssima parábola no coração, se compreender que pela graça de Jesus e por seu exemplo prático, radical e incontestável, eu posso, sim, aprender a ser filha de verdade.


Obrigada, meu Pai, por seu amor e compaixão!