quarta-feira, setembro 16, 2009

Necessidades

Necessidades, temos muitas e das mais surpreendentes. Temos necessidade das coisas básicas, fundamentais à sobrevivência. Precisamos também de tudo aquilo que transcende e encanta, dos devaneios da beleza e da realização. Ansiamos e dependemos da continuidade, pois nossos finais felizes nunca se satisfazem com o fim em si mesmos.

Mas devemos ter por certo que há necessidades que não nos agradam a priori. São aqueles princípios e limites que muitas vezes nos frustram ou até desanimam. É o retiro da alma, o silêncio do coração turbulento, a mudez das muitas falas possíveis. Somos, de fato, cativos da paz, que nem sempre acontece sem esforço e sacrifício. Precisamos da estratégia da reflexão, do nosso lado mais intimista e íntimo. Sofremos com a distância de nossa própria consciência porque necessitamos do apaziguamento das necessidades mais alarmantes, das urgências que sufocam, dos grandes problemas que nos desafiam, das limitações que nos amedrontam.

Novas e surpreendentes necessidades são as que se revelam como boas porções das mãos doadoras, que acabam nos denunciando que não atentávamos para a carência dentro de nós mesmos. As necessidades que temos e não apenas nos sabemos ser responsáveis. O cuidado de nossa vida, à parte dos cuidados que nossa vida especula sobre o mundo.

Somos cativos da paz que construímos sobre as demais formas de apego.

quarta-feira, setembro 09, 2009

Fé durante dias maus. (Meu artigo para o Jornal Batista - Edição de Agosto)

“Contudo, quando vier o Filho do Homem, porventura achará fé na terra?” - Lucas 18.8b.

Há tempos em que a igreja luta para ser aquilo que se espera que ela seja. Há séculos tem-se lutado pela pureza da fé e do Evangelho de Jesus. Há milênios, a espera pela volta do Filho do Homem tem-se feito durar. No entanto, esta não é uma verdade unilateral. Existe uma expectativa da parte de Deus a respeito dos que se dizem seguidores de Cristo. Permanece a nossa demanda, nossa responsabilidade como membros do corpo do Filho, de levar a sério a Missão a nós confiada. E pergunto-me: Como temos entendido essa missão? Em que termos a concebemos? Trata-se de uma empreitada rumo à divulgação da boa nova? Obviamente que sim. E somente isto?

O Senhor Jesus deixou para os seus a grande responsabilidade e privilégio de não somente pregarem o Evangelho, como também de fazerem discípulos dele. Desde sua gênese, a mensagem de Jesus se constitui como uma revisão de vida e não somente uma ideologia a ser aderida, admitida. O que nos aflige a alma em nossos dias é que possamos fazer desta simples verdade qualquer coisa diferente disto. E é sempre perturbador falar desta simplicidade, porque a grande maioria já julga conhecê-la, o que pressupõe ser esta uma realidade vivida, praticada pela maior parcela dos cristãos. Contudo, o que se vê em nossos arraiais, na prática, parece contradizer aos berros que o coração de muitos cristãos estejam enlaçados à mensagem de Jesus. E uma temeridade é que talvez este distanciamento não se deva ao desconhecimento, à ignorância a respeito de suas palavras. A bem da verdade, é tendencioso - porém não inautêntico - se afirmar que a grande crise de nossas igrejas seja a permanente fragilidade de caráter, mas este não é ainda um discurso satisfatório, pois se arrisca a passar por moralista ou, no mínimo, reincidente. Mesmo assim, mesmo com tanto “conhecimento da verdade do Evangelho”, ainda travamos séria luta contra o pecado interior, pessoal e/ou coletivo; contra a fraudulenta máquina de piedade que transforma muitas congregações em casas de entretenimento e autopromoção. E, estejamos certos que este não é um privilégio das igrejas neopentecostais, nem das comunidades evangélicas e outros ministérios do gênero. Isto é intrínseco a nós, homens e mulheres dotados de absoluta alienação da santidade deste Senhor que está pra voltar. Pessoas que ainda cedem facilmente à conveniência, enquanto outras são desafiadas solenemente por sua incoerência ou cinismo.

O alarme que sempre ecoou aos ouvidos dos que um dia ouviram “o que o espírito diz às igrejas” parece ser abafado à medida que a pura fé em Cristo cede espaço a toda e qualquer satisfação cujo resultado exclui ou minimiza sua honra. Talvez a confusão se dê justamente porque nem sempre honrá-lo traga resultados aparentes e imediatos. É preciso que se diga que, ainda assim, é fundamental darmos crédito à nossa pregação.

A parábola narrada por Jesus em Lucas 18.1-8 fala de um juiz iníquo, que a ninguém honrava, e de uma viúva com um sério problema a ser resolvido: um adversário. Ao fim da narrativa, Jesus deixa claro que, apesar da ausência de caráter do juiz, a viúva teve seu pedido aceito, devido à sua perseverança. A grande luz deste texto é que ele não reflete a força da insistência que devemos ter em pedir coisas a Deus, como propõe grande parte das interpretações, mas sim que a viúva continuou crendo contra as circunstâncias desfavoráveis: o adversário e o descaso do juiz. A beleza deste ensino de Jesus é justamente focada na fé da mulher. Esta fé que a permitia não somente insistir no que queria, mas sobretudo não se render ao seu adversário. A fé que a forçava a insistir com um juiz corrupto a respeito da autenticidade de seu pedido, de sua relevância, de sua seriedade. Talvez seja justamente esta a fé que nos falta, da qual temos profunda carestia. A convicção capaz de nos firmar nos valores bíblicos e, muito além deles, transformar nossa existência como seres humanos. Não seria esta a fé ansiada pelo Filho que retornará a nós como juiz? Acontece que se nem mesmo os homens e mulheres de Jesus valorizarem seu relacionamento com Deus e com o próximo a partir desta suma importância, como esperaremos a renovação de todas as coisas? Não por acaso, esta parábola segue tantas outras em que Jesus ensinava sobre o Reino de Deus. Um Reino que deveria ser vivido pelos crentes, acima de qualquer outra expectativa terrena. Um Reino sem fim, de justiça e amor. Mas o que explica tamanha inadequação de tantas de nossas atitudes a este reino senão a ausência de fé em sua existência, o descrédito quanto a sua veracidade? Sobre este Reino de Deus, o transformamos em fábula, ficção? Por que cedemos ao adversário e desistimos de lutar pelos valores deste Reino senão por ausência de fé?

A fé em Jesus Cristo nunca foi somente o conhecimento sobre seus ensinamentos, tampouco de sua pessoa. A fé que converteu a maioria dos apóstolos foi professada nos detalhes de suas vivências. Foi prorrogada na ausência do mestre. Foi a prioridade de suas vidas. A fé mais pura e verdadeira foi aquela proferida enquanto o Senhor estava “escondido”, oculto, em expectação. Hoje, ainda, há cristãos lutando pela proeminência desta fé convicta, nada óbvia, durante dias maus. Sejamos destes que, dignamente lutam contra os poderes indignos, que resistem aos adversários permanentes e à conveniência de nossa realidade como Igreja. Se o caminho a ser seguido nos for estreito de fato, confiemos na justiça do bom juiz que nos aguarda ao seu final.

quinta-feira, julho 16, 2009

Vem aprender

Se fartou de esperar
Já perdeu, já cansou
Se moveu de lugar
Já parou, desistiu
Se convenceu que não dá mais
Se abortou, calou os ais
Mas no Mestre percebeu
Que a vida é dura
E precisa caminhar

Quando não há como ir,
Nenhum passo dar a mais
Quando chega a doer,
Quando já nem dói mais...
É mister recorrer
Aos doces pés de um rei
Tão fiel
Que o caminho ao céu refez

Volta já, olha Deus!
Vem se entregar...
De joelhos, se prostrar e adorar
Deus recebe o teu chorar

Volta já, clama a Deus!
Vem se entregar...
De joelhos, se prostrar e adorar
Deus te ensina a caminhar

Vem aprender de Jesus,
O manso e humilde Jesus
Vem aprender de Jesus,
Que seu fardo carregou

Vem aprender de Jesus,
O calmo e humilde pastor
Vem aprender do Senhor
Que perseverou em te amar.




(em Junho deste ano)

quarta-feira, julho 15, 2009

Caminhos Aplanados (Jorge Camargo)

“Bem aventurado o homem cuja força está em ti
Em cujo coração se encontram os caminhos aplanados.”
(Sl. 84.5)

No lugar de mais difícil acesso
Entre as escarpas mais íngremes
No solo duro e irregular
Nascido dos conflitos contra o tempo,
Das agruras da dor,
Dos desenganos -
Lá reside o meu coração

Ali moram os meus desejos,
Minhas inclinações, ambições
Planos e projetos
Que a ninguém...ninguém....
...Confio.

Uma transformação topográfica e urbana em um lugar assim
Só pode ser promovida
Pelo paisagista, pelo arquiteto que o concebeu
Por quem o amou antes
De vê-lo como está,
O amou antes
Que viesse a existir,
O amou a ponto de concebê-lo
E há de amá-lo
Mesmo se deixar de ser lugar
Para ser lugar comum.
Ou se for de passo em descompasso
Até chegar a lugar nenhum.

No dia do não-dia
O coração há de encontrar
Posta sobre a sua mesa
A ceia da restauração:
Pão fresco e quente,
Óleo de azeite amaciante para o chão da alma,
E a taça cristalina
Repleta do melhor dos vinhos.

sexta-feira, julho 10, 2009

Pureza.

Ah...a doce pureza que viajou
Que já não é figura fácil em nossas vidas
Que deixou a saudade da inocência mais bonita
Essa verdade boa de quem espera além

Ela mesma é a essência do que é forte e concentrado,
De tudo aquilo que é homogêneo e sem adulterações
A suave graça das convicções e das firmezas de caráter
Ah...a doce pureza que vaga...
...que se tornou tão vaga pra nós

Em sua ausência, toda dor é amargura,
Toda busca inútil, toda fé ilusão
Sua lembrança nos abala, alarma a consciência
Evoca um novo esforço,
Pede sua urgência

Grande obra de Deus, digna atitude do servo
Aprazível vida no eixo... sensível canto de paz
É a bondade visível,
A realidade intransponível
De um reino santo demais.

quarta-feira, julho 01, 2009

Pretérito. Perfeito...

Todo mundo diz que o nosso passado nos deixa marcas. Todos, de certa forma, já se viram vítimas dele. Outros sentem saudade enquanto outros o reprimem.

Sabe, eu tenho achado ultimamente que o passado não está com essa bola toda não. Sem me alongar, acho que o passado é aquele “primo distante” de quem menos lembramos na vida do que do próprio inimigo ao lado. O que eu quero dizer é que é mais divertido gastar tempo com coisas que são desafiadoras no presente do que imaginando os “futuros do pretérito” que nem existiram. Essas suposições sobre aquilo que poderia acontecer ou aquilo que poderíamos ter deixado de fazer são construções que erguemos quando, agora, não nos resta nada com que nos importar.

Pois bem, o presente é meu desafio de hoje. Ele sim me mostra coisas novas, diferentes. O passado não muda e tampouco pode mudar alguém. O passado só me mostra os fracassos daquilo que hoje não existe e as esperanças daquilo que, se hoje posso viver, devem me impulsionar a querer coisas novas.

Se o passado nos deixa marcas, nem todas as marcas nos trazem saudade.
A nostalgia que vale a pena é aquela que não nos deixa confusos quanto à dimensão de nossa mudança.

E mudamos.

sexta-feira, junho 19, 2009

"Aprendendo com o Melhor" (meu micro sermão para a turma de teologia).

Tema: “Aprendendo com o Melhor”.

Texto: Mt. 11.28-30; 17.1-8; 14-21

Na conjuntura atual de nosso mundo, o texto de Mt 11.28-30, embora bem conhecido por cristãos e não-cristãos, parece trazer consigo um entendimento fácil e uma adesão óbvia e esperada, mais do que a maioria das palavras de Jesus. (Gandhi chegou a afirma certa vez que os ensinamentos de Jesus eram tão profundos e valiosos que, se de todos os escritos do mundo, restassem apenas as palavras do Sermão da Montanha ao homem, este já teria todo o material necessário para aprender a viver bem diante de Deus e com o próximo). Sim, porque o Senhor do “vinde a mim” sempre acaba por encontrar espaço nos corações carentes e cansados das pessoas; parece mesmo soar como música aos ouvidos de quem precisa de paz...é uma troca que todos estão dispostos a fazer: o escambo entre os pesos terríveis que carregamos na alma e o fardo suave, o jugo leve...o afago de um Senhor compreensivo e auxiliador.

Entretanto, esta proposta de Jesus não se fixa apenas neste objetivo primário do alívio ao cansaço, mas se estende a um objetivo mais prático: o de fazer dos aliviados aprendizes, pois o “aprendei de mim” aqui se situa entre o descanso primário de quem vai a Cristo e o descanso da alma de quem o apreende a partir dEle mesmo, e não apenas “sobre ele”.
Pois bem, mas como aprender a partir de Jesus? É tão somente sabermos que ele é manso e humilde de coração? Isto é obvio e devemos imitá-lo, mas além disto, devemos busca-lo, ir a ele afim de receber dele mesmo a revelação de quem ele é.

Foi mais ou menos isso que Jesus fez ao chamar Pedro, Tiago e João – seus discípulos mais íntimos - para um encontro sobrenatural, uma experiência ímpar no alto monte, em Mt.17.1-8. Naquele momento, mais do que falar e fazer, Jesus revelou parte de sua aparência gloriosa àqueles homens; ele se mostrou como era. Além dele, Moisés e Elias, homens considerados como santos pelos judeus, venerados por séculos, verdadeiros ícones para os discípulos aparecem ao lado de Jesus para ratificar sua presença gloriosa. O que choca nesta passagem, entretanto, não é só imaginar a grandeza desta experiência, mas pensar que, diante desse evento inédito, Pedro não demonstra a reverência equivalente. Ele, na verdade, parece se tornar tão íntimo dessas grandes figuras que até propõe a Jesus que ficassem ali, abrigados nas tendas, por mais tempo, pois era muito bom estar entre eles.
Refletindo sobre isso, somos obrigados a considerar que o Senhor Jesus tem nos convidado a aprender dele, a caminhar juntamente com ele para experiências muito significativas e profundas, as quais muitas vezes sequer discernimos. Isto significa dizer que embora nos consideremos íntimos do mestre e tenhamos acesso a “grandes encontros especiais” com “ícones” de hoje, corremos o grande risco de, a exemplo de Pedro, esquecer a reverência e a fascinação diante da revelação de Jesus e querermos permanecer inspirados e confortáveis na companhia dos grandes homens de Deus.
Mas a palavra do Senhor, que se dirigiu tão clara e objetivamente a Pedro, também nos fala hoje que devemos aprender de Jesus, a partir dele, de quem ele é...não apenas irmos a ele e descansar, tampouco andarmos com ele e achar que o conhecemos porque fomos chamados a experiências privilegiadas. Enquanto fazia a proposta absurda e irreverente, Pedro é calado pela voz de Deus que exclamava: “Este é o meu filho amado, o meu prazer, a minha mensagem, escutai-o!”. É exatamente neste momento que a percepção dos discípulos sobre Jesus os obriga à prostração e ao temor.
A partir disso, Jesus os toca, os acalma e os levanta...Jesus novamente os chama ao enfrentamento com a realidade, com a planície, à multidão alvoroçada e aos outros discípulos perdidos diante das opressões dos espíritos na vida de um menino endemoninhado no v.14. Ali, Jesus desabafa que ainda nos falta aprender... Precisamos aprender a ser crédulos e ter um coração sem perversidade a fim de sermos servos úteis ao mundo, competentes no reino.
Que não tenhamos o pensamento de que basta irmos a Jesus ou caminhar com ele...antes, devemos aprender dEle, receber dEle, ouvi-lo, querê-lo, reverenciá-lo, discerni-lo como Deus poderoso e bom, que nos pode usar para sermos úteis, de fato, na realidade da planície.

Há ainda muito que aprendermos do Senhor. Assim como Pedro, Tiago e João aprenderam e se tornaram sustentáculos do Caminho, dos cristãos primitivos. O Senhor tem nos chamado a aprender dEle em nossas experiências e a partir dos outros, o senhor nos chama a trilhar suas vias de cruz e de glória, o Senhor já nos lavou os pés para anunciar a paz. Contudo, ainda precisamos ser cristãos dependentes, reverentes e transformados pelo Senhor Jesus se quisermos ser práticos e úteis na vida das pessoas às quais temos sido enviados em Seu nome.

segunda-feira, junho 15, 2009

"Desde sempre, o Verbo"

Verbo, Tu és o verbo
Palavra, a mensagem de Deus
O amor que Ele guardou
Para se revelar,
Revelar aos seus

Fonte de água corrente
Que jorra e finda toda sede
Sendo Deus, se fez homem como eu
Jesus, pra sempre rei


Doce a tua voz,
Foi tão fácil te ouvir,
Senhor,
Te contei minhas verdades e a verdade estava em Ti!
Abriste os meus olhos, me chamaste a te servir,
Viver teu evangelho,
Ver tua palavra se cumprir



E hoje, ao dobrar meus joelhos,
Buscando tua revelação,
Lendo a tua santa palavra
Aqueço a fé em meu coração

Tua fidelidade
É verdade e vai se cumprir
Porque tu és o verbo vivo,
Antes de tudo, eras Cristo -
A palavra de Deus para mim...


Doce a tua voz...





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(Resgatando minhas canções antigas...esta, de 30 de Março de 2006 13:32)

sábado, maio 02, 2009

É o que eu sempre digo...(retendo o que é bom)

Pois é. A cada dia me vejo mais eclética musicalmente. E o interessante é que meu senso crítico também se apura sempre...o que, de modo algum, significa dizer que abro mão e/ou descarto sumariamente aquelas canções e aqueles estilos que me ajudaram a construir minha identidade, minha história mesmo.

Este prólogo apenas para ratificar o que declaro exaustivamente: odeio rótulos. Uma prova disso é o fato de hoje ter me deleitado ao ouvir canções antigas (da época da "minha infância querida, que os anos não trazem mais...") do Mattos Nascimento.

Ei, ei...um aviso aos que se retorcem ao ler isso...estou falando de música, e, convenhamos, o cara é fera demais, um dos maiores intérpretes da música evangélica brasileira! Não me refiro aos arranjos, à produção de seus cds, à sua conduta e teologia...estou falando do mega talento do cantor Mattos Nascimento, sua competência em ser original, sua capacidade de trazer vida a uma canção sem muitos recursos a mais...dentro da musicalidade pentecostal é um grato destaque.

Sim, é claro que há influência de suas canções em minha caminhada cristã, o que em parte justifica essa minha simpatia, me ajudando a ser mais condescendente quanto aos demais aspectos musicais acima referidos, mas...a exemplo do outro "monstro" chamado Álvaro Tito, a família Nascimento continua me levando às lágrimas e aos sorrisos em suas canções, em suas interpretações muito menos ordinárias do que certas críticas preconceituosas e pouco imparciais...sejamos ponderados.

*Êta musiquinha maravilhosa:

Sou de Deus (Mattos Nascimento)

Minha vida é só cantando
O que devo mais fazer
Se liberto estou com Cristo?
Eu sou!
Eu não ando mais em trevas
Já brilhou pra mim a luz
Confio só nesse nome: Jesus!
Em minha vida, esperança
De um dia entrar no céu
E ele garante assim
Eu já fui triste demais
Agora tenho paz
Há paz em mim
Eu agora sou de Deus! (3x)
Eu vivo só pra Deus (2x)
Todo homem é iludido
O inimigo o atrai
Oferece muitas coisas e, assim, cai...
Jesus é a liberdade
Conquistou na dura cruz
Confio só nesse nome: Jesus!
A última esperança pra esse mundo é o Senhor
Entregue a ele teu sofrer...
A solução vai te dar
Venha como estás,
Jesus é a paz.
Eu agora sou de Deus...
Obs: E cá estou, contando as horas p/ ir apreciar, ouvir e cantar com o Gerson Borges, Jorge Camargo e outras jóias da música cristã brasileira...eclética, eu?! (risos)

segunda-feira, abril 20, 2009

Nossas justiças são trapos de imundícia.

Às vezes precisamos escrever certas confusões que surgem em nosso pensamento. Este, então, é um momento de alguma reflexão sobre algumas coisas que tenho observado nos últimos tempos. Coisas corriqueiras, voláteis, mas muito esclarecedoras, por outro lado.

Vivo a fase de perceber amplamente as injustiças do mundo. Sendo mais objetiva e pontual, as injustiças de mundo, já que o mundo já é injusto histórica e essencialmente. Pois bem, o que me perturba com as injustiças é o fato de elas, na grande maioria das vezes, se camuflarem entre o que é correto. Explico: nunca pensei sentir “saudade” do conceito de que injustiça é algo desonesto, pervertido, impróprio, desconexo, indevido, inaceitável e repugnante. Digo isto porque o que vejo é o descaramento da injustiça não fingida, mas manipulada, imposta como reta, com cara de justa e legítima. Essa injustiça conveniente e endeusada...a injustiça pop, que todos aceitam. Sim, a injustiça de hoje não é apenas suportada, ela é bem quista. E tudo por causa do capitalismo cool, do individualismo, da lei do toma-lá-da-cá intrínseca em todos nós, seres humanos injustos por excelência, propagandistas de nossas obras mortas.

Essa – que agora opto, deliberadamente, chamar de safadeza – está presente na corrupção nossa de cada dia, nas nossas omissões mais graves, nos nossos “mea culpa” mais ordinários e previsíveis. São os discursos que legitimam o caráter mau elaborado que os fortes têm e os fracos asseveram. São as cabeças reclinadas, afirmativas ou simplesmente vazias que preferem ignorar, não responder, não se envolver. E vejo que esse é o câncer da nossa raça humana: o não-envolvimento. Este câncer se alastra, nos toma por completo a ponto de somente nos envolvermos com aquilo que nos interessa, deixando o poder na mão de quem fez por merecê-lo e não por quem se tornou digno a ponto de tê-lo.

Justamente neste ponto é que constato minha vergonha, já que minha injustiça fundamental não me permite ser isenta e isentar ninguém, além de Jesus. Porque, não me é cabível outra pessoa tão justa e tão digna. Aliás, ele é o justo porque apenas ele possui essa dignidade no tempo eterno, o que implica dizer que Jesus Cristo não assumiu um poder, não fez por merecê-lo nem foi promovido na cruz...ele sempre foi digno em essência (não sendo esta uma mera atribuição) e isso se demonstrou em seus atos de justiça. Talvez por isso é sejamos viciados na busca pela nossa justiça, pelo nosso poder e pela nossa auto-afirmação: nunca fomos dignos. Nenhuma de nossas obras se inicia pela nossa dignidade e, por isso, temos a necessidade de fazer por merecer em tudo. Não nos rendemos à graça, não nos acostumamos a ela porque nada que fazemos possui essa motivação gratuita. Tudo o que procede de nós objetiva a vantagem e o interesse... até nossas doações, nosso voluntarismo. Estamos o tempo todo justificando e autenticando nossas atitudes e nosso caráter. Nada em nós nasce de nossa bondade desinteressada, de nosso amor puro e invariável. Quando o ser humano poderá amar o outro invariavelmente, se até o nosso amor a Deus varia o tempo todo, de acordo com a maré? E a nossa fé segue no mesmo barco...e julgamos Pedro!

Como o Eterno se dignifica nesse prisma! Como ele sempre foi superior a nós, conhecendo desde sempre nossa insignificante ânsia pelo mérito, pela dignidade que não temos, pela justiça que sequer alcançamos ou compreendemos! A esse Jesus todos veremos. Porque ele se envolveu...pelos outros, e não por si mesmo. Há diferença em se entender que a cruz consentiu poder a homens antes perdidos e não a Deus. A vida de Jesus veio a ser o mérito pelo qual o homem pode chamar Deus de abba, "paizinho", e esta injusta sentença tornou-se a graça que nos justifica. A nossa justificação carecia vir por ele. Do Cristo que nos revelou a justiça divina.

Nele, a nossa ânsia se saciará. Seremos finalmente fartos e livres dessa fome e dessa sede, dessa busca e dessa desolação. Seremos livres de nossa própria injustiça e indignidade. Porque nele somos feitos justos exatamente quando desistimos de o ser.

sábado, abril 18, 2009

Eu guardei as lágrimas.

Eu guardei as lágrimas,
Registrei para delas me lembrar
Eu me apropriei deste momento
E entendi que era necessário
Expus ao céu a minha queixa
Falei e calei...me deixei sofrer
Retomando a consciência de que
Não acredito no acaso

Guardei as imagens das dores
Que não me deixavam dormir
E pensei bem correta:
Que Deus as tem em sua visão
Sim, ele as tem.

Não posso mais acreditar na obviedade
De um lamento que não cessa.
Que busca um alento e não encontra,
Duma porta permanentemente fechada,
Duma ferida eternamente aberta,
De um lapso de memória perverso
Que me deixa esquecer que sou
Exatamente aquilo que ele me quer ser
Em seu Filho
Em seu verdadeiro e exato amor

Guardei as lágrimas como a recordação
De um passado passando,
De uma fé inexistente,
De uma esperança morta,
De uma necessidade malograda,
De uma justiça não saciada,
Registrei o momento de uma entrega
Sem reservas, sem forças e sem debates
Na hora em que o peito deitou um choro digno
Desse render-se

São as mudanças que se me anunciam
Que me fizeram e fazem chorar
Porque ao me transformar
Obrigo-me a truncar
As sobras, os restos, os lixos de mim
Obrigo-me a tirar aquilo que não me cabe querer e sentir
Forçoso se me torna ser alvo de uma restauração
Emergencial, não circunstancial
E as circunstâncias não subsistem...
...Como as lágrimas que guardei.

Como as lágrimas que, sei,
Ele, desde sempre, conheceu.

segunda-feira, março 23, 2009

Minha nova canção

Sim, eu componho. Mas a maioria fica na gaveta, por eu ser bem limitada em compor melodias. Essa não. Essa veio completa das mãos de Deus...sim, essa veio completa do meu coração moldado por Ele.
Espero cantá-la em breve.



O Porquê...

Por que eu não consigo enxergar o que preciso?
Por que é tão frustrante caminhar assim...só?
Por que eu sempre corro pro meu mal,
se a garantia do meu Deus
é que comigo estará eternamente?

Por que me é impossível perceber
e conceber todo esse bem
que Sua palavra prometeu?
Por que tudo o que eu faço não me traz
nenhum retorno, força não há
pra no caminho me alegrar?

Essa foi a dor da minha alma!
Esse foi o porquê que a angustiou
Mas o Senhor soube livrá-la
Do poder da morte, Ele tudo ultrapassou...
Como não sentir toda perda,
se Jesus, na cruz, se fez oferta?!
Doou-se, abriu mão, expôs seu coração
Pra que pudéssemos saber o porquê.

...pra que pudéssemos entender.