Necessidades, temos muitas e das mais surpreendentes. Temos necessidade das coisas básicas, fundamentais à sobrevivência. Precisamos também de tudo aquilo que transcende e encanta, dos devaneios da beleza e da realização. Ansiamos e dependemos da continuidade, pois nossos finais felizes nunca se satisfazem com o fim em si mesmos.
Mas devemos ter por certo que há necessidades que não nos agradam a priori. São aqueles princípios e limites que muitas vezes nos frustram ou até desanimam. É o retiro da alma, o silêncio do coração turbulento, a mudez das muitas falas possíveis. Somos, de fato, cativos da paz, que nem sempre acontece sem esforço e sacrifício. Precisamos da estratégia da reflexão, do nosso lado mais intimista e íntimo. Sofremos com a distância de nossa própria consciência porque necessitamos do apaziguamento das necessidades mais alarmantes, das urgências que sufocam, dos grandes problemas que nos desafiam, das limitações que nos amedrontam.
Novas e surpreendentes necessidades são as que se revelam como boas porções das mãos doadoras, que acabam nos denunciando que não atentávamos para a carência dentro de nós mesmos. As necessidades que temos e não apenas nos sabemos ser responsáveis. O cuidado de nossa vida, à parte dos cuidados que nossa vida especula sobre o mundo.
Somos cativos da paz que construímos sobre as demais formas de apego.
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