Depois de
algum tempo, volto a escrever. Especialmente por ser esta a melhor forma de
expressar meus pensamentos e opiniões. E retomo a percepção de algumas falas
que tenho ouvido ultimamente.
Acho
intrigante perceber alguns amigos criticando a famosa parábola do Filho
Pródigo (Lucas 15.11-32). Sim, aquela exaustivamente pregada, estudada e interpretada. Portanto,
não é a minha pretensão trazer algo inédito a seu respeito, apenas considerar
que, de fato, os anos e as gerações passam, as experiências são as mais plurais
possíveis, mas as pessoas não aprendem. Não só a respeito da ilustração da
parábola, não aprendem sobre a vida e as oportunidades de crescer em seu
relacionamento com DEUS. De repente, é fácil e prático “tirar da bíblia” aquilo
nos incomoda na alma, e nos escancara o quão simples e claro é o princípio da
graça de Deus, mediada por Jesus e expressa nessa estória.
A verdade é
que, se não “matamos” o Pai antes da hora e vamos curtir a vida adoidado com o
que temos à mão agora, muitas vezes vivemos cinicamente almejando por receber
nosso fundo de garantia espiritual, mediante o nosso “bom serviço” em sua casa.
Sim, porque sabemos argumentar muito bem a respeito do que temos feito pra DEUS
e da recompensa que nunca recebemos dele, como desabafou o filho mais velho, o
incapaz e insensível que se ressente da reconciliação de seu irmão mais moço
que volta acabado, arrasado, mas volta pra casa. Penso seriamente nisso: onde
colocamos o nosso coração e a nossa auto-imagem ao nos mostrarmos ressentidos
com o perdão que Deus oferece ao nosso irmão?! Que lógica maligna atormentava a
vida daquele filho que não foi embora,
mas sempre quis ter ido – sim, porque quem fica conscientemente de que
aquele é o seu lugar ideal, jamais se ressente de receber o outro de volta,
tampouco das “alegrias desfrutadas” pelo outro no tempo que esteve fora de casa
- ?! Não há inveja do mundo, quando se
desfruta da alegria de viver com DEUS, como filho. Mas quem não aprende a
viver como filho, se conformará e sempre se ressentirá por viver como um
serviçal qualquer. O pai, todavia, respeitará nossa escolha.
Acho mais
interessante ainda é que, via de regra, as pessoas que menosprezam esse texto
dificilmente se enxergam como o pródigo ingrato, nunca vêem em si mesmas o
caráter de um filho que dá as costas pro pai sem remorso e faz o que dá na
telha...pelo contrário, parecem tomar as dores do “filho justo” que precisa
chamar a atenção do pai, invocando direitos e méritos próprios. Não se atentam
para o fato de que o pai repartiu a fazenda entre eles e podiam fazer escolhas,
e ambos os filhos escolheram mal. Porque eu posso abrir mão de ser filho indo
embora, bem como posso abrir mão de ser filho ficando como um empregado
qualquer. Nenhum pai, no céu ou na terra, é capaz de forçar o amor de um filho
que não deseja a proximidade.
Obrigada, meu Pai, por seu amor e compaixão!
Um comentário:
Escreve muito essa moça!
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