Eu guardei as lágrimas,
Registrei para delas me lembrar
Eu me apropriei deste momento
E entendi que era necessário
Expus ao céu a minha queixa
Falei e calei...me deixei sofrer
Retomando a consciência de que
Não acredito no acaso
Guardei as imagens das dores
Que não me deixavam dormir
E pensei bem correta:
Que Deus as tem em sua visão
Sim, ele as tem.
Não posso mais acreditar na obviedade
De um lamento que não cessa.
Que busca um alento e não encontra,
Duma porta permanentemente fechada,
Duma ferida eternamente aberta,
De um lapso de memória perverso
Que me deixa esquecer que sou
Exatamente aquilo que ele me quer ser
Em seu Filho
Em seu verdadeiro e exato amor
Guardei as lágrimas como a recordação
De um passado passando,
De uma fé inexistente,
De uma esperança morta,
De uma necessidade malograda,
De uma justiça não saciada,
Registrei o momento de uma entrega
Sem reservas, sem forças e sem debates
Na hora em que o peito deitou um choro digno
Desse render-se
São as mudanças que se me anunciam
Que me fizeram e fazem chorar
Porque ao me transformar
Obrigo-me a truncar
As sobras, os restos, os lixos de mim
Obrigo-me a tirar aquilo que não me cabe querer e sentir
Forçoso se me torna ser alvo de uma restauração
Emergencial, não circunstancial
E as circunstâncias não subsistem...
...Como as lágrimas que guardei.
Como as lágrimas que, sei,
Ele, desde sempre, conheceu.
Nenhum comentário:
Postar um comentário