Sabe quando você tem um dia que quer esquecer? Que, se pudesse, apagaria da sua agenda...o famoso “dia de cão”? Pois foi assim o meu dia ontem. Do princípio ao fim, foi um dia difícil...me machuquei em casa, ao me arrumar pro trabalho, me machuquei no trabalho e até chorei de dor (amassei meu dedão do pé!), perdi dinheiro na hora de receber o troco do café e tive um dos dias de trabalho mais estressantes desde que assinei minha carteira: mil coisas pra fazer e uma lamentável discussão com uma colega na hora da reunião no setor. Logo ontem, que acordei tão feliz, bem-humorada e orei tanto por meus colegas e por meu testemunho...me senti injustiçada! Muitas calúnias e ofensas sem o mínimo respaldo e necessidade. Fiquei boquiaberta com tamanha palhaçada...Daí pra frente, mais uma experiência complicada: um tiroteio do meu lado, em plena Tijuca! O carro que trocava tiros com a polícia parou ao lado do ônibus onde eu estava indo pro seminário. Os tiros foram muito próximos! Tive que me jogar no chão do ônibus , colocar as mãos na cabeça e clamar o nome de JESUS. Eu simplesmente não acreditava que estava passando por aquilo! Aleluia! Estou viva.
Em dias como esse não há muito o que se dizer porque a sensação que se tem é a de sobrevivência. Você mal consegue respirar e responder aos acontecimentos. É um sufoco só. Mas percebi coisas grandiosas. Uma delas é, prioritariamente, o dom da vida. Essa coisa linda de poder me levantar, saltar do ônibus e caminhar pela rua sem nenhum arranhão. Poder encontrar meus amigos no seminário, vê-los mais uma vez na capela cantando, conversar com eles, rir...poder voltar pra casa e ver minha família e saber que tudo está em seu lugar.
Outra coisa que me fez descansar foi a incrível sensação de confiança em Deus, mesmo estando, irada, aborrecida, triste. Comecei a entender que o meu dia foi entregue ao Senhor e Ele mesmo cuidou dele da Sua maneira. A Sua palavra diz que há tempo para todas as coisas, tempo de guerra e tempo de paz. Diz também que somos entregues à morte durante todo o dia mas, em contrapartida, afirma que os anjos do Senhor acampam-se ao redor dos que o temem e os livra...na verdade, me lembrei de dezenas de passagens durante o dia. Fui realmente alimentada. Comecei a refletir acerca de mim mesma, da minha condição humana, que me deixa vulnerável à injustiça, ira, dor, prejuízo, perigo, pecado (como meu coração ficou sujo ontem!), mas também totalmente dependente do Pai...em tudo, em cada detalhe.
Tenho uma louca esperança que teima em continuar crer que minha defesa vem dEle e não de mim mesma, que Ele me trata com justiça e que nem sempre a justa sou eu. Em Números 12 existe o relato da infâmia de Miriã e Arão contra Moisés: “Ora, falaram Miriã e Arão contra Moisés (...)”, e a realidade imutável de um Deus conhecedor de tudo: “E o Senhor ouviu isso” e diz que Deus os chamou e defendeu seu filho Moisés, dizendo que “falava com ele face a face”...Interessante como Moisés não precisou se defender, se justificar - “Assim se acendeu a ira do Senhor contra eles” - Deus o fez. Deus ouviu, viu o mal, da mesma forma que percebeu que a carga estava pesada demais pra ele, Moisés, carregar sozinho. Ele precisava de ajuda.
Quando olho pra essa narrativa, me percebo muito, muito distante desse Moisés paciente, conforme o vers. 3 : “Ora, MOISÉS era homem mui manso, mais do que todos os homens que havia sobre a terra.”. Não sou assim, essa paciência ainda não me dominou. Mas vejo coisas importantes nessa história. Esse mesmo Moisés fora capaz de matar um egípcio em um ato de ira. Javé o estava transformando nesse processo de liderança. Aquela carga toda o estava transformando...aos poucos. Nisso espero ver a mudança na minha vida; mesmo que as circunstâncias sejam injustas, que meu coração aprenda. Que a minha esperança, assim como a de Moisés, se transforme também. Em Hebreus 11 fica claro que o Senhor vai transformando não só o nosso caráter, mas a nossa esperança pelo caminho: “Todos estes morreram na fé, sem terem alcançado as promessas; mas tendo-as visto e saudado, de longe, confessaram que eram estrangeiros e peregrinos na terra. Ora, os que tais coisas dizem, mostram que estão buscando uma pátria. E se, na verdade, se lembrassem daquela donde haviam saído, teriam oportunidade de voltar. Mas agora desejam uma pátria melhor, isto é, a celestial. Pelo que também Deus não se envergonha deles, de ser chamado seu Deus, porque já lhes preparou uma cidade.” (vers 13-16).
Essas coisas me fazem refletir a respeito dos meus dias bons e ruins; me fazem entender que não preciso entender as coisas que me acontecem, mas sim discerni-las espiritualmente e reconhecer o zelo do meu Deus em cada uma delas.
Em tudo dai graças. Louvado seja o Senhor.
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