O Deus que se revelou em Cristo é bom e sabe sorrir. Mesmo quando a resposta esperada é a punição, ele é capaz de mostrar um “caminho sobremodo excelente” (I Co 13.1). E nesse caminho, de fato, há gente prostrada, há gente à própria sorte. Gente que se inchou e se apertou na via estreita; gente que desanimou e resolveu parar. Gente tomando fôlego para continuar e gente querendo voltar atrás.
Mas a grande bobagem está em acreditarmos num amor pontual, reservado para os finalistas, os atléticos do bem... Sim, há recompensa para os fortes e resistentes. Para aqueles que não fazem do caminho estreito uma desculpa para sua indisposição e descaso. É claro...há prêmio e alegrias maiores reservados para os que correm para o alvo com paixão e comprometimento.
Entretanto, convenhamos, o amor de Deus não é estático, tampouco indiferente. Não se trata aqui de uma adulteração humana que transfigura o amor em um “discurso orgulhoso do bem que espera fazer”. Pelo contrário, temos ouvido e visto falar de um Deus que ama em iniciativa, que busca suas ovelhas, que se rebaixa à condição humana, que chama pelo nome e se apresenta sem cerimônia. Por isso é possível crer que esse amor nos alcança no caminho e, mais que isso, no caminhar. Não se reserva a camarotes privilegiados dos grandes campeões mas, sobretudo, é a fundamental segurança de assessoria e companhia na caminhada. É água e alimento para os subnutridos e inspiração para os abatidos. O amor de Deus é mais do que temos esperado e sentido. Ele é a grande e alegre notícia de que podemos vencer o medo de seguir em frente.
“Jesus chamou seus discípulos e disse: ‘tenho compaixão da multidão, porque já faz três dias que eles estão comigo e não têm o que comer. Não quero despedi-los em jejum, para que não desfaleçam no caminho’”. (Mt 15.32)